Recuperação de áreas degradadas: tecnologia x técnica

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Olá consultor, tudo bem?

Tenho falado tanto das minhas sacadas de empreendedorismo na consultoria ambiental nessa página, mas penso que também precisamos falar um pouco de técnicas, afinal a falta de experiência é um fator muito limitante no momento de se abraçar oportunidades, não é mesmo? Então pretendo regularmente fazer um post sobre estudos de caso, testes e experiências positivas e negativas que eu e minha equipe experimentamos ao longo de nossa carreira na consultoria ambiental, para trazer mais clareza a vocês a respeito da vida prática.

Então vamos falar um pouco sobre restauração ambiental?

Sempre que possível tenho participando de eventos ligados ao mercado de restauração ambiental e visitado projetos implantados de empresas parceiras. E de 2 anos pra cá tenho percebido uma tendência na utilização de tecnologias e técnicas cada vez mais avançadas na implantação de projetos de reflorestamento, as quais tenho utilizado com algum (mas não todo) sucesso. Quero aqui dar a vocês 2 exemplos para discutirmos.

(1) Na primeira foto anexa eu mostro um plantio realizado de forma tradicional (gradagem + sulcamento + calcário + NPK) em época de estiagem, que precisou ser regado por um grande período de tempo. Resolvemos testar o produto Hydroplan-EB HB10 que é um pó que ao ser misturado com a água, aumenta a sua viscosidade de tal maneira que a evaporação se torna até 20 vezes mais lenta. Assim, ao regar as coroas, elas permanecem úmidas por um período prolongado chegando a 2 dias em ambiente muito seco. Foi um produto que deu resultados não só econômicos (reduziu em mais de 20% nosso custo com irrigação) mas também nas taxas de pegamento das mudas. Foi uma experiência muito boa que atendeu a um momento emergencial com a qualidade que precisávamos. A técnica de plantio, contudo, no médio prazo se mostrou deficiente, pois a cobertura do solo e o desenvolvimento das plantas não permitiu no prazo de 24 meses do contrato o estabelecimento de uma fisionomia florestal vigorosa. Ganhamos de um lado, e perdemos do outro. A técnica precisava ser aprimorada, apesar de que a tecnologia nos ajudou quando precisamos.

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(2) A segunda foto mostra um projeto plantado com altíssima tecnologia dentro da cova (ou berço) – gradagem, sulcamento, calcariação para correção do solo, aplicação de substrato orgânico, aplicação de adubo de liberação controlada OSMOCOTE 15-09-12 + micronutrientes liberação de 12 meses e hidrogel agrícola. Esta modalidade já testamos em vários lotes de plantio porém em 50% dos casos ela surte resultados extremamente bons, e nos outros 50%, resultados extremamente ruins. É um tratamento muito caro para não dar certo, então quero discutir um pouco o que acontece nos casos em que ele não dá certo – pois vale MUITO a pena quando ele dá certo…

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Basicamente nossa experiência mostra que a fração orgânica do solo, que sustenta a vida, é quem manda no sucesso de um plantio. Hoje em dia, em áreas extremamente degradadas e sem regeneração natural significativa (geralmente pastos), estamos começando a fazer plantios mistos de leguminosas de adubação verde – crotalária, feijão de porco, feijão guandú, estilozantes, etc – para iniciar a sucessão ecológica herbácea e reduzir (ou até eliminar) a concorrência com o capim. Uma vez estabelecido esse plantio inicial, aí sim procedemos com o plantio “high tech” (que por sinal é super denso, cobre o solo rapidamente e por consequência diminui muito a necessidade de manutenção. Essa é uma nova tendência e que tem dado muito certo – trazendo de volta as condições mínimas de pH, nutrição (enriquecimento com nitrogênio) e microbiota do solo para o estabelecimento até das espécies arbóreas mais rústicas nas fases iniciais, abrindo condições para entrarmos, numa segunda fase, com o plantio de enriquecimento que vai nos permitir conduzir o ecossistema para uma fisionomia florestal.

CONCLUSÃO – percebemos na tentativa e erro que nem só a técnica, e nem só a tecnologia funcionam bem sozinhas – mostrando que a nossa experiência de 10 anos na implantação de florestas está servindo para corroborar todas as novas tendências que a ciência nos apresenta, onde e a utilização de plantios mistos de leguminosas de adubação verde para tratamento do solo antes da implantação de uma restauração altamente tecnológica nos permita entregar florestas de grande qualidade em curtos intervalos de tempo – 24 a 36 meses (veja a terceira foto um plantio com 24 meses!). Note que a regeneração natural pode ser um grande aliado no processo de restauração, porém estamos focando aqui os prazos reais em que os compromissos ambientais geralmente são estabelecidos – 12, 24 e raramente 36 meses – então estou tratando de uma abordagem onde o fator tempo é crucial pois ele é fixado em contrato.

Então é isso – restauração bem feita usa técnicas recentes e tecnologia de ponta, e não é necessariamente mais cara do que os métodos tradicionais porque (a) a taxa de sucesso é infinitamente maior e (b) o custo de manutenção é muito menor. E ao sabermos utilizar a técnica e a tecnologia em nosso favor, é possível se fazer bons projetos dentro dos prazos exigidos nos termos de compromissos e contratos.

Mais informações sobre restauração ecológica recomendo a leitura na Resolução SMA 32/2014 vigente no Estado de São Paulo, mas que serviria para qualquer projeto no Brasil – um dos dispositivos mais modernos no que se trata de técnicas e princípios de restauração.

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